ROLANDO COM ALGORITMOS: Como aplicar pensamento computacional no Jiu-Jitsu

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Aula ministrada  no Café no Dojo em 28/10/24  por Daniel Cavalcanti , s ob a orientação do sensei Thiago Caitanya. Introdução a algoritmos Um algoritmo é um conjunto finito de operações ordenadas passo-a-passo para resolver um problema ou realizar uma tarefa. Todo algoritmo recebe um conjunto de entradas, as quais são transformadas ou processadas por um conjunto de operações sequenciais, produzindo uma saída. Receitas são o exemplo clássico de algoritmos: os ingredientes são a nossa entrada, os passos são as operações, e o resultado é a saída. O termo passo-a-passo indica a necessidade de completar cada etapa antes que a próxima inicie, pois os passos possuem dependência temporal, o passo seguinte depende do que é produzido no passo anterior. As operações devem seguir uma ordem pré-definida, não é possível assar o bolo antes de bater a massa. As operações devem ser bem definidas, isto é, não podem ser ambíguas. Este conceito frequentemente encontra falhas na sua aplicação. Ret...

ZEN - 禅




Na propagação do Budismo da Índia para a China, no séc. I, os sutras sofreram adaptações às ideias e terminologias taoístas e confucionistas. Essas adequações à cultura e compreensão chinesa culminaram no Budismo Chinês, que se fundamentava nos sutras, tradições e rituais.

No início do séc. VI, o vigésimo oitavo patriarca do Budismo, Bodhidharma, viajou da Índia à China para reestabelecer a verdadeira essência do Budismo, o dhyāna. Dhyāna refere-se à um estado meditativo, normalmente traduzido como “meditação”.

Ao estabelecer-se no Mosteiro Shaolin, Bodhidharma se deparou com monges com a saúde fragilizada devido a inatividade física. Visando melhorar esse estado, ensinou-lhes práticas do Yoga e movimentos do Vajramusthi, a arte marcial indiana. No ensino de dhyāna, Bodhidharma enunciou quatro princípios essenciais:

·        transmitir sem levar em conta as escrituras;

·        não depender de palavras ou textos;

·        avançar diretamente rumo ao espírito do homem;

·        contemplar sua própria natureza e alcançar a condição de buddha.

Esses princípios tornaram os adeptos imunes ao pietismo e à fé cega, e formaram a base de uma filosofia a qual seus seguidores passaram a ser conhecidos como: adeptos do Ch’an.

A palavra ch'an é a forma reduzida da palavra channa, que por sua vez é a transliteração chinesa do termo sânscrito dhyāna. O Ch'an é caracterizado pela busca do autoconhecimento e da Iluminação através da meditação. Enfatiza a autodisciplina, a percepção da natureza da mente e das coisas e a expressão pessoal dessa percepção na vida cotidiana, bem como, a importância da simplicidade e do estado de presença.

No Mosteiro Shaolin, a fusão do Vrjamusthi com o Wǔshù - artes marciais chinesas, resultou na primeira forma institucionalizada do que conhecemos como Kung-Fu Shaolin. Logo, as artes marciais passaram a ser vistas como formas distintas de praticar o Ch’an.

O Ch’an se propagou para a Coréia e para o Japão, onde o termo foi transliterado como Zen. No século XII, o Zen originou duas principais tradições. A simplicidade da tradição Sōtō, que enfatiza o zazen - meditação sentada, atraiu a classe camponesa.  A tradição Rinzai é considerada uma escola rígida, com traços mais intelectuais, e, além do zazen, também adota Koans - enigmas paradoxais em suas práticas, atraiu a classe dos samurais, que acreditavam que a prática Zen poderia ajudá-los a desenvolver a coragem, a força interior e a clareza mental necessárias para lutar em batalhas.

O Bushidō - código de ética dos samurais, que enfatiza a importância da honra, da coragem, da lealdade e da disciplina, foi moldado e se desenvolveu a partir do Zen, somado à conceitos do Taoismo, do Confucionismo e do Xintoísmo (religião ancestral típica do Japão).

Alguns mestres de artes marciais, como o lendário Miyamoto Musashi, incorporaram os princípios do Zen em suas técnicas de luta e criaram abordagens que enfatizam a importância da harmonia entre a mente e o corpo. Ao longo dos anos, muitas escolas de artes marciais nipônicas integraram os princípios do Zen em suas práticas.

Atualmente no Brasil, a palavra “zen” é usada como adjetivo para uma pessoa calma, que leva uma vida com serenidade, tornando-se uma interpretação muito aquém da profundidade de seu significado original.

Fritjof Capra diz que o Zen é uma combinação única das filosofias e particularidades de três culturas diferentes. Trata-se de um modo de vida tipicamente japonês, muito embora reflita o misticismo indiano, o amor taoísta à naturalidade e à espontaneidade e o sólido pragmatismo da mente confucionista.

 

 Thiago Caitanya ©2020

 

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